O Alquimista

Autor: Paulo Coelho
Editora: Sextante
Ano: 1988
Edição: 1 (2011)
Páginas: 176

Dedicatória: 

Para J.,
Alquimista que conhece e utiliza os segredos da Grande Obra.

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Paulo Coelho (quase) entrou na minha vida em 1995. Um amigo da escola (eu estava na sexta série do ensino fundamental) disse que havia lido “O Alquimista” e gostado bastante. Apesar de ele ter oferecido o livro emprestado na época, nunca acabei aceitando. Acho que naquela época, eu estava em uma vibe menos espiritual. Isso é natural para a idade, acho. Estava descobrindo ainda os grandes clássicos da literatura brasileira.

Passados quase vinte anos, eu me deparei com o seguinte pensamento: nunca havia lido Paulo Coelho. Mesmo com a insistência de um grande amigo do trabalho, que me deu um exemplar de “As Valquírias”, e de ter contado com grande entusiasmo a sinopse de “A Bruxa de Portobello”, não foi suficiente para meu convencimento.

Acontece que em 2016 chegou o momento. Finalmente li Paulo Coelho. Um dos meus Mestres de Jiu Jitsu disse que leu todos os livros dele e não gostou. Eu li “O Alquimista” e gostei. Opiniões divergentes, oss.

Em “O Alquimista”, conhecemos Santiago, um jovem espanhol, que é pastor de ovelhas em Andaluzia. Após ter o mesmo sonho com um tesouro escondido perto das pirâmides do Egito por duas vezes, ele resolve ir em busca do que imagina ser o real motivo da mensagem. Em suas perambulações ele encontra um Rei, que explica a ele o significado da Lenda Pessoal, que é a missão de cada indivíduo na Terra. Cada um de nós tem uma Lenda Pessoal que deve ser nosso motivo de existência nesta atmosfera.

Santiago vende todos seus bens e abandona sua vida simples de pastor para ir atrás do que acredita ser a felicidade. Em suas andanças, conhece um comerciante, e ambos aprendem e ensinam um ao outro. Ele atravessa o deserto e chega em um oásis, onde conhece Fátima, a jovem por quem se apaixona instantaneamente e o Alquimista, que é o detentor da solução dos grandes mistérios do mundo.

Apesar de nos depararmos com ideias bastante repetidas durante a peregrinação de Santiago, como a importância de ir atrás de nossos sonhos, a busca da Lenda Pessoal e do pensamento positivo com a conspiração do Universo, gostei bastante da mensagem que o livro passa, que no fim das contas é “Quando você quer alguma coisa, todo o universo conspira para que você realize seu desejo”. Esta mensagem assemelha-se muito à do Segredo, que é um dos meus livros favoritos da vida (não me julguem).

Não é à toa que “O Alquimista” é o livro brasileiro mais vendido de todos os tempos, com incríveis 135 milhões de cópias. Ele foi traduzido para 69 idiomas, marca registrada no Guinness. Paulo Coelho cativa com uma narrativa fácil, motivacional e fluente.

Destaques:

[1] – O Profeta nos deu o Alcorão e nos deixou apenas cinco obrigações para serem seguidas em nossa existência. A mais importante é a seguinte: só existe um Deus. As outras são: rezar cinco vezes por dia, fazer jejum no mês do Ramadã, fazer caridade com os pobres.

Parou de falar. Seus olhos ficaram cheios de água ao falar do Profeta. Era um homem fervoroso e mesmo com toda a sua impaciência procurava viver de acordo com a lei muçulmana.

– E qual a quinta obrigação? – perguntou o rapaz.

– Dois dias atrás você disse que eu nunca tive sonhos de viajar – respondeu o Mercador. – A quinta obrigação de todo muçulmano é uma viagem. Devemos ir, pelo menos uma vez na vida, à cidade sagrada de Meca.

“Meca é muito mais longe que as Pirâmides. Quando eu era jovem, preferi juntar o pouco dinheiro que tinha para começar esta loja. Pensava em ser rico um dia, para ir a Meca. Passei a ganhar dinheiro, mas não podia deixar ninguém cuidando dos cristais, porque cristais são coisas delicadas. Ao mesmo tempo, via passar defronte a minha loja muitas pessoas que seguiam na direção de Meca. Havia alguns peregrinos ricos, que iam com um séquito de criados e de camelos, mas a maior parte das pessoas era muito mais pobre do que eu.

“Todas iam e voltavam contentes e colocavam na porta de casa os símbolos da peregrinação. Uma delas, um sapateiro que vivia de remendar botas alheias, me disse que havia caminhado quase um ano pelo deserto, mas que ficava sempre mais cansado quando tinha que caminhar alguns quarteirões em Tângster para comprar couro.”

– Por que não vai a Meca agora? – perguntou o rapaz.

– Porque Meca é o que me mantém vivo. É o que me faz aguentar todos esses dias iguais, esses vasos calados nas prateleiras, o almoço e o jantar naquele restaurante horrível. Tenho medo de realizar meu sonho e depois não ter mais motivo para continuar vivo.

[2] “Só sentimos medo de perder aquilo que temos, seja nossa vida, sejam nossas plantações. Mas esse medo passa quando entendemos que nossa história e a história do mundo foram escritas pela mesma Mão.”

[3] – Esse é o princípio que move toadas as coisas – disse. – Na Alquimia é chamado de Alma do Mundo. Quando você deseja algo de todo o seu coração, você está mais próximo da Alma do Mundo. Ela é sempre uma força positiva.

[4] Tudo o que o rapaz entendia naquele momento era que estava diante da mulher de sua vida, e sem nenhuma necessidade de palavras, ela devia saber disso também. Tinha mais certeza disso do que de qualquer coisa no mundo, mesmo que seus pais e os pais de seus pais dissessem que era preciso namorar, noivar, conhecer a pessoa e ter dinheiro antes de se casar. Quem dizia isso talvez jamais tivesse conhecido a Linguagem Universal, porque, quando se mergulha nela, é fácil entender que sempre existe no mundo uma pessoa que espera a outra, seja no meio de um deserto, seja no meio das grandes cidades. E quando essas pessoas se cruzam e seus olhos se encontram, todo o passado e todo o futuro perdem qualquer importância; só existe aquele momento e aquela certeza incrível de que todas as coisas debaixo do sol foram escritas pela mesma Mão. A Mão que desperta o Amor e que faz uma alma gêmea para cada pessoa que trabalha, descansa e busca tesouros debaixo do sol. Porque sem isso não haveria qualquer sentido para os sonhos da raça humana.

[5] – Meu coração tem medo de sofrer – disse o rapaz ao Alquimista, numa noite em que olhavam o céu sem lua.

– Diga a ele que o medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento. E que nenhum coração jamais sofreu tanto quando foi em busca de seus sonhos, porque cada momento de busca é um momento de encontro com Deus e com a Eternidade.

[6] – Por que o coração não conta aos homens que devem continuar seguindo seus sonhos? – perguntou o rapaz ao Alquimista.

– Porque, nesse caso, o coração é o que sofre mais. E os corações não gostam de sofrer.

[7] (…) Eu sou um velho árabe supersticioso que acredita nos provérbios de minha terra. E existe um provérbio que diz:

“Tudo o que acontece uma vez, pode nunca mais acontecer. Mas tudo o que acontece duas vezes, acontecerá certamente uma terceira.”

Sobre carolinayji

Desde que me conheço por gente, há algumas décadas, sou eu.
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