Para Sempre Alice
Autor: Lisa Genova
Editora: Nova Fronteira
Ano: 2015
Edição: 1
Páginas: 288
Original: Still Alice
Dedicatória:
Em memória de Angie
Para Alena
O livro foi lançado pela primeira vez em 2009 com uma linda capa mostrando uma bela borboleta celeste. Foi relançado este ano para acompanhar o filme homônimo. Julianne Moore é uma das minhas atrizes preferidas e foi isso que me fez olhar com mais zelo para este livro que acabei ganhando de aniversário. Ela ganhou o Oscar de Melhor Atriz em 2015 interpretando a protagonista Alice Howland.
Alice Howland é pHD, professora titular de Psicologia Cognitiva em Harvard. Casada com Jonh, também pHD e professor na mesma Universidade é conhecida por sua memória brilhante (principalmente a de referências bibliográficas), renomada professora palestrante em vários congressos importantes da área. No início do livro somos introduzidos com muita sensibilidade aos lapsos de memória e pequenas confusões mentais, principalmente em seu fluxo cognitivo.
Após alguns tropeços, Alice procura a opinião de neurologistas passando por uma bateria de exames e infelizmente é diagnosticada com Alzheimer de instalação precoce aos 50 anos. Esta doença é genética e ela precisa contar aos filhos, pois com um teste simples é possível saber se eles contém a mutação dos genes e tomar as medidas para retardar o avanço da doença, que atualmente ainda é incurável. Alice e John tem três filhos, Anna, Tom e Lydia. É com Lydia, a caçula, que ela trava os maiores embates, pois ela é atriz e não cursou uma graduação formal (ao contrário de seus irmãos, uma advogada e um médico), o que na opinião de Alice vai totalmente contra seus preceitos, principalmente porque ela e o marido são acadêmicos.
A autora Lisa Genova é pHD em neurociência, o que conferiu um alicerce mais sólido nos diálogos e vocabulário da narrativa. Acompanhamos de maneira muito sensível a voz do interior de Alice, e é muito comovente ver que apesar de a doença trazer à tona níveis de demência diversos, (in)felizmente Alice tem noção de tudo o que acontece ao seu redor, o que a faz sofrer ainda mais.
É muito triste ver como um portador de Alzheimer sofre. É uma doença silenciosa e ainda nebulosa e tingida de preconceitos. Como descrito em “Até as pessoas bem intencionadas e cultas tendiam a manter uma distância temerosa dos doentes mentais. Ela não queria transformar-se numa pessoa evitada e temida pelas outras”. A progressão da doença degenerativa ecoa no seu afastamento precoce das atividades físicas e laborais. O apoio da família e amigos é crucial na jornada contra os efeitos da doença. O final do livro é emocionante e mostra a importância da união da família. Por fim, indico com muita veemência que todos leiam este livro.
A obra original se chama “Still Alice”, cuja tradução direta seria “Ainda Alice”. Para o português foi traduzida como “Para Sempre Alice”, que deixou o nome bem mais leve e delicado.
Apesar de ser uma obra fictícia, esta doença pode tocar a qualquer um. Minha mãe sempre disse que acha que teria Alzheimer. Sinceramente, espero que ela tenha esquecido dessa ideia.
Destaques:
[1] “O simples fato de ela ter o mal de Alzheimer não significava que ela já não fosse capaz de pensar analiticamente. O fato de ter Alzheimer não significava que não merecesse sentar-se naquela sala, entre eles. O fato de ter Alzheimer não significava que já não merecesse ser ouvida.”
[2] “Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então, para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente. Num amanhã próximo, esquecerei que estive aqui diante de vocês e que fiz este discurso. Mas o simples fato de eu vir a esquecê-lo num amanhã qualquer não significa que hoje eu não tenha vivido cada segundo dele. Esquecerei o hoje, mas isso não significa que o hoje não tem importância.”
[3] “Por favor, não olhem para o nosso A escarlate e nos descartem. Olhem-nos nos olhos, falem diretamente nos rosto, falem diretamente conosco. Não entrem em pânico, nem encarem nossos erros como uma ofensa pessoal, por que nós erraremos. Vamos nos repetir, pôr coisas nos lugares errados e nos perder. Esqueceremos o seu nome e o que vocês disseram há dois minutos. E também tentaremos ao máximo compensar e superar nossas perdas cognitivas. Eu os incentivo a nos capacitarem, não a nos limitarem.”
O livro parece bem mais interessante do que o filme, que achei muito raso. Acho que é natural. Vou ler o livro.