A Vida Secreta das Abelhas

Autora: Sue Monk Kidd
Editora: Paralela
Ano: 2014
Edição: 1
Páginas: 231
Original: The Secret Life of Bees

Dedicatória:

Para meu filho Bob e para Ann e Sandy, com todo o meu amor

IMG-20151116-WA0001

Ano passado, Viola Davis fez um emocionante discurso sobre as diferenças raciais femininas na premiação do Emmy. Segundo ela, a única coisa que diferencia mulheres brancas de negras, são as oportunidades. Ela evidenciou, que ainda em pleno século XXI, as mulheres negras possuem demérito em vários aspectos. Viola foi a primeira atriz negra a ganhar um Emmy na categoria Atriz Principal (prêmio dado por sua atuação em “How To Get Away With Murder”). Este discurso é de setembro de 2015.

Em “A Vida Secreta das Abelhas”, ambientado em uma pequena cidade no sul dos Estados Unidos na década de 60,  conhecemos Lily, uma menina de 14 anos branca, criada por Rosaleen, negra e obesa que trabalha com seu pai T. Ray Owens catando pêssegos, já que ele, ausente e violento, não é capaz de falar com Lily sem berrar ou bater nela. Este livro apresenta a temática do preconceito racial, que infelizmente possui forte presença nos meados do século passado e foi por isso que fiz o paralelo com o discurso da Viola.

A confusão que permeia a trama começa quando Rosaleen vai até a cidade tirar seu título de eleitora (já que apenas em 1964 o Código de Direitos Civis foi assinado para prover o direito ao voto de todos os norte americanos) e é insultada, espancada e presa por causa da cor da sua pele.

Nas andanças de Lily e Rosaleen, elas conhecem as irmãs Boatwright: August, June e May. Elas moram em uma extravagante casa rosa e mantém uma criação de abelhas. Elas produzem mel, cera e velas. A marca registrada das irmãs é a produção do mel da Madona Negra, uma versão de Maria.

A narrativa é feita em primeira pessoa, sob a ótica de Lily. As reflexões acerca da ausência materna e do racismo são presentes em todo o livro. Outra temática abordada é a religião. Sobretudo a crença em um modelo diferente de qualquer um que eu já tenha visto: ao reverenciar Maria, elas passam mel na imagem em uma celebração com fartura e muita fé.

O que ficou de mensagem deste livro é a importância de manter-se sereno sob qualquer pressão e dar o seu melhor, contar a verdade sempre e ter fé no amor e na compaixão. Pode parecer bastante óbvio, mas pra mim, nem sempre é assim.

Destaques:

[1] Quando olhei para cima notei que a árvore embaixo da qual eu tinha caído estava praticamente careca. Só se viam uns verdinhos aqui e ali, e muita folha seca pelo chão. Mesmo na escuridão dava para perceber que a árvore estava morrendo, sozinha no meio de todos aqueles pinheiros despreocupados. Assim eram as coisas. A perda penetra em tudo mais cedo ou mais tarde, e vai corroendo o que encontra.

[2] “Você sabia que há trinta e duas palavras para ‘amar’ em uma das línguas dos esquimós?”, August falou. “E nós só temos uma. Somos muito limitados, temos de usar o verbo amar tanto na relação a Rosaleen quanto à Coca-Cola com amendoim. Não é uma vergonha não termos mais formas de dizer isso?”

[3] Saber algo pode ser uma maldição na vida de uma pessoa. Eu tinha trocado um pacote de mentiras por um pacote de verdades. Qual deles exigia mais força para ser carregado? Mas era uma pergunta ridícula: depois que se conhece a verdade, não se pode voltar a pegar a mala de mentiras. Mais pesada ou não, a verdade passa a nos pertencer.

Sobre carolinayji

Desde que me conheço por gente, há algumas décadas, sou eu.
Esta entrada foi publicada em Sue Monk Kidd. ligação permanente.

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s