Edição: 1
Páginas: 352
Tradução: Carolina Coelho
Original: The Last Time We Say Goodbye
Este é um livro bonito sobre suicídio. Você pode achar estranho ou mórbido da minha parte ter gostado, garanto, mas não é. Narrado por Alexis, uma jovem nerd de 18 anos que entra para o MIT (ela é fissurada por Fibonacci), mora com a mãe (seus pais são separados) e perde o irmão, que se matou com um tiro na cabeça na garagem de casa usando o rifle de caça do pai.
Logo de início, entendemos que o irmão de Alexis, Tyler (ou Ty), se suicidou, mas ainda não sabemos o motivo. Sua mãe e seu pai se vêem obrigados a enviar Alexis a um terapeuta, para que ela converse com ele sobre o ocorrido. Ele sugere que ela escreva em um caderno tudo o que sente, para que facilite a expressão, já que ela não se sente à vontade com o terapeuta.
Tyler deixa um post it amarelo com a única frase: “Desculpa, mãe, mas eu estava muito vazio”. Este mistério permeia o livro, junto com uma carta de conteúdo desconhecido, que Alexis precisa entregar a uma garota.
O livro possui ainda várias indicações e referências literárias, desde Kafka com a Metamorfose a livros mais contemporâneos, como O Caçador de Pipas de Khaled Hosseini.
Antes que você pense que o livro traz uma tentativa de auto-ajuda, a mensagem final do livro não é nada sobre suicídio. É sobre a importância de dizermos tudo o que sentimos às pessoas que amamos. Principalmente, prestar atenção em cada detalhe. Sei bem o que isso significa: no dia que meu pai mais precisou de mim, deixei o celular no modo silencioso e dormi. Ele havia me ligado de noite para que eu o levasse ao hospital, pois estava passando muito mal na rua. Eu não atendi. Felizmente, o pior não aconteceu, mas desde este dia, nunca mais deixei o celular no silencioso, como Alexis fez em uma certa passagem do livro. A vida é frágil. Nossos momentos, ainda mais.
Vocês sabiam que Setembro foi colorido de amarelo, para ilustrar a campanha preventiva de suicídios? A depressão é uma doença invisível e muito subestimada, especialmente no Brasil. Nos agradecimentos, ao final do livro, a autora conta que perdeu um irmão em 1999, quando ele se suicidou aos 17 anos (ela tinha 20).
Leia este livro. Chorei. Chorei por Tyler, pelo irmão de Cynthia. Mas principalmente, por mim.
Destaques:
[1] “- Você está parecendo a equação de Euler. – murmurou ele, olhando para mim de cima a baixo.
Tradução nerd: dizem que a equação de Euler é a fórmula mais perfeita já feita. Simples mas elegante. Bonita.”
[2] Ele não escreveu um bilhete ao nosso pai. Nem a nenhum de seus amigos. Nem a mim. Só deixou essas sete palavras escritas em um Post-it amarelo, colado no espelho do quarto. Sua única explicação.
[3] “- Não compreendo”, falei ao olhar para as rosas envoltas em plástico. “Por que dar a uma garota algo que deveria representar o amor e que vai murchar e morrer em poucas horas?”
[4] Dave mexe na barba, que é o que faz quando está prestes a dizer algo incrivelmente profundo. “O perdão é confuso, Alexis, porque, no fim, tem mais a ver com você do que com a pessoa que está sendo perdoada.”
[5] Ele pede um mocha de caramelo. Nós nos sentamos em uma mesa por um tempo e falamos sobre Kafka. Damian me sugere alguns outros livros: Crime e Castigo, de Dostoiévski, e Dublinenses, de Jaymes Joyce, e Moby Dick, de Herman Melville. Vou passar um tempo ocupada até ler tudo.
Os livros da Dark Side são ótimos!!!!