Original: The Reason I Jump: The Inner Voice of a Thirteen Year Old Boy With Autism
Introdução
Os três caracteres japoneses usados na palavra “autismo” significam “eu”, “fechado” e “doença”. Minha imaginação vê nesses símbolos um prisioneiro trancado e esquecido numa cela de confinamento solitário à espera de que alguém, qualquer um, o note. O que me faz pular arranca um tijolo da parede. (David Mitchell Irlanda, 2013)
Quando perguntei para um colega de trabalho se ele conhecia algum autista, ele falou “sim, o Fulano”. O Fulano em questão é um cara com quem trabalhei, que de forma unânime, meus colegas afirmam ter um certo grau (ainda que leve) de autismo. As pessoas falam isso porque ele não consegue fixar num assunto, sempre que você fala com ele, ele está desligado vendo outras coisas, processando outros pensamentos. Não creio que ele sofra de autismo.
O autismo é uma doença muito ridicularizada no Brasil. Se alguém fica no mundo da Lua, as pessoas falam logo que ele é autista.
Achei um livro muito delicado. Imagino que um autista tenha muita dificuldade em conseguir se expressar, e, lendo os relatos de Naoki, eles entendem tudo, mas não conseguem externar sentimentos, somente palavras desconexas (nos espectros mais profundos, eles não falam nada).
Vale à pena ler e se sensibilizar com a leitura. O final é lindo.
Destaques:
[1] Compaixão de verdade significa não pisar na autoestima alheia. Pelo menos é assim que eu penso.
[2] Pergunta 24: Você gostaria de ser “normal”? O que faríamos se existisse um jeito de nos tornarmos “normais”? Bem, aposto que as pessoas ao nosso redor — pais e professores — ficariam cheios de alegria e diriam: “Aleluia! Vamos fazer com que eles fiquem normais agora!” E durante muito e muito tempo eu também queria mesmo ser normal. A vida com necessidades especiais é muito deprimente e impiedosa. Eu achava que a melhor coisa que poderia acontecer na minha vida era ser igual aos outros. Mas agora, mesmo que criem um remédio para curar o autismo, acho que vou querer continuar do jeito que sou. Como eu mudei de ideia e passei a pensar assim? Em poucas palavras, aprendi que cada ser humano, com ou sem deficiências, precisa se esforçar para fazer o melhor possível e, ao lutar para conseguir a felicidade, ele a alcança. Veja bem, para nós o autismo é normal, então não temos como saber o que os outros chamam de “normal”. Porém, a partir do momento em que aprendemos a nos amar, não sei bem se faz diferença termos autismo ou não.