Shackleton reúne 27 homens para juntarem-se a ele na Expedição Imperial Transatlântica Inglesa no Endurance, realizada entre os anos de 1914 a 1916.

Logo no início, o Endurance afunda e é necessário deixar o navio, levando os suprimentos, cães (são 69 cães para puxar trenós) e todo o resto possível para levantar acampamento em uma banquisa (um grande bloco de gelo). Sobrevivem assim às tempestades de gelo, às baixas temperaturas, bem como à escassez de comida (esta parte principalmente me tocou bastante) e todo o tipo de privação que o ser humano é capaz de suportar.

Quando o clima entre os homens, que sempre fora agradável e pacífico, começa a ficar um pouco mais ofensivo dada à precariedade das circunstâncias, Shackleton tem a grande ideia de separar os homens que julga serem mais problemáticos e encrenqueiros, para, junto a ele, desbravarem o mar à procura de apoio para resgatar seus homens. Começa aí uma grande viagem ao interior de cada um deles.

A narrativa é feita em terceira pessoa com base em pesquisas dos jornais da época, aliada aos relatos dos diários da tripulação. O livro é repleto de pedaços de diários dos tripulantes, na maioria deles, recheados de trechos de esperança de melhores dias. Fiquei sabendo por uma amiga que há um outro livro, chamado Endurance, cuja autora é a Carolina Alexander trazendo muitas fotos e trechos de diários também. Será ótimo ler a mesma história contada de forma diferente.

Fiquei um tempo refletindo em como as expectativas daqueles 27 homens eram todas muito parecidas, a maioria deles não se deixava abalar negativamente em torno de um ambiente inóspito e sem perspectivas. Mesmo com um cenário que não contava a seu favor, os homens mantinham a esperança de que tudo daria certo, e para isso, trabalhavam com afinco a fim de seguirem todos no mesmo discurso, todos muito bem alinhados com Shackleton. A grande sacada é como você, líder, deve fazer parte da equipe e mantê-la motivada a todo custo.

A Incrível Viagem de Shackleton fala, sobretudo, da importância da liderança em momentos de horizontes incertos e gerenciamento de crise. Todo líder deveria ler.

Destaques:

[1] Eram náufragos, isolados numa das regiões mais selvagens do planeta, à deriva, sem a menor esperança de resgate, subsistindo apenas enquanto a Providência lhes mandasse o que comer. E ainda assim, surpreendentemente, haviam se ajustado com poucos problemas à sua nova vida, e a maioria dos homens sentia-se sinceramente feliz. A adaptabilidade da criatura humana é tamanha que na verdade às vezes eles precisavam lembrar a si mesmos que estavam vivendo em circunstâncias desesperadas.

[2] O Caird foi levado até acima da linha da maré alta e virado de borco. McCarthy calçou-o com uma fundação de pedras e quando ficou pronto arrumaram seus sacos de dormir no interior. Decidiram chamar o lugar de Acampamento Peggotty, do nome da família pobre mas honesta do livro David Copperfield, de Charles Dickens.