Editora: Guarda-Chuva
Ano: 2014
Edição: 1
Páginas: 96

Paula Gicovate, uma jovem escritora de Campos dos Goytacazes (município do Rio de Janeiro) incorporou em sua escrita contemporânea a dor de Ella, uma mulher que se apaixona por homens que não devolvem a ela o sentimento ela envia. Paula estruturou em sua melancolia literária uma narrativa em primeira pessoa segmentada em forma de diário, organizada de forma confessional em quatro relacionamentos que fadaram ao fracasso.
As histórias são intercaladas com versos e poesias. Paula escreve sobre o amor, mas principalmente sobre a dependência do que o outro exerce sobre o eu lírico da narradora. Todo mundo que passa por uma grande decepção amorosa, mesmo continuando a amar o outro, entenderá a mensagem que ela quer passar. Há bastante empatia em relação à este campo sentimental e mesmo com textos muito breves (são apenas 96 páginas), consegui conectar-me à desilusão que Ella relata.
O projeto gráfico do livro é bonito, mesmo eu tendo lido no Kindle (o que pode ter amenizado um pouco a surpresa da experiência estética da leitura). Leitura fluida e cativante (apesar de dolorida em certos momentos).
Leia este livro se você souber o valor de amar tanto alguém a ponto de esquecer-se de você.
Destaques:
[1] “Você foi o grande amor que eu não tive, a grande paixão que eu nunca vivi, a fuga da cidade que nunca aconteceu, as palavras que eu escrevi tantas vezes durante a noite, minha mão embaixo do lençol de olhos fechados sussurrando seu nome, minha esperança e minha desgraça.Você é meu amor eterno, o que vai durar para sempre, porque não me quis quando, timidamente (mas o suficiente para te fazer entender), eu te ofereci meu mundo. E obrigada por isso. Não ter querido me salvou a vida. E te fez meu amor impossível, daqueles que duram para sempre.”
[2] “Somos pesados demais para isso, e nos amávamos com o mesmo peso. E aí eu te liguei, porque precisava saber, e te ouvi leve, ouvi dela, te contei dele, e senti saudade. Depois te desejei boa noite, e pedi para que ela te amasse com a mesma intensidade com que você nunca me amou.”
[3] “Hoje eu descobri que o polvo tem três corações. Eu sou polvo. Sempre disse isso. Pernas e braços espalhados pela cama e pelo moço. Sou polvo. Está provado. Ainda mais com três corações… Mas descobri também que polvo vive seis meses. E viver apenas seis meses é problema de quem tem coração demais.”
[4] “Às vezes eu só queria aprender a ficar mais sozinha, porque o que eu sinto é demais até pra mim, e quem diz que não se morre de amor é porque nunca conheceu você.”
[5] “Porque a vida não existe sem você. E se existe, eu não quero saber mais como é.”