A Mulher Que Matou Os Peixes
Autora: Clarice Lispector
Editora: Rocco
Ano: 1999
Edição: 1
Páginas: 32
Original: A Mulher Que Matou Os Peixes.
Dedicatória:
Para Nicole e Cássio Para João, Mark e Giancarlo Para Karin, Letícia, Mônica, Zilda e Azalia sobretudo para a Campanha Nacional da Criança.
Finalmente chegou a hora de ler meu primeiro livro de Clarice Lispector. Desde 2011, o ano que li sua biografia escrita pelo autor norte americano Benjamin Moser, adio a estreia de Clarice na minha estante. Para marcar o début de Lispector, resolvi escolher um livro infantil.
Clarice aborda, de uma forma muito criativa e doce, um dos temas mais difíceis de se conversar com crianças: a morte.
O livro é narrado em primeira pessoa, por uma personagem chamada Clarice. Penso que possa ser ela, uma vez que ela também tem um filho (o dono dos dois peixinhos vermelhos – que imagino serem meus amigos kinguios) e por ter um cão chamado Dilermando, que também aparece na biografia retratada por Moser). Ela já começa a história contando que matou os dois peixinhos sem querer e antes de contar como, ela enumera vários animais de estimação que teve ao longo da vida, tudo para nos provar que gosta de animais e que não teve a intenção de matar os dois peixinhos vermelhos, mas que sim, teve culpa na morte.
Uma das histórias que ela conta, é a de dois cachorros que eram amigos e por ciúme do dono de um deles, acabam brigando até a morte de um dos cães. Depois de contar como tudo aconteceu, Clarice fala: “Vocês ficaram tristes com essa história? Vou fazer um pedido para vocês: todas as vezes que vocês se sentirem solitários, isto é, sozinhos, procurem uma pessoa para conversar. Escolham uma pessoa grande que seja muito boa para crianças e que entenda que às vezes um menino ou uma menina estão sofrendo…”. Esta passagem retrata a reflexão da importância de a criança conversar com um adulto em uma hora difícil.
Clarice lança uma estratégia (ainda que não intencional) de cativar as crianças, contando suas experiências e perguntando se os pequenos leitores a perdoam devido à morte dos peixinhos. Depois de tudo exposto, é difícil não perdoá-la. Darei um exemplar desde livro físico ao meu afilhado, assim que ele começar a ler.
Destaques:
[1] Tenho esperanças de que até o fim do livro vocês possam me perdoar.
Antes de começar, quero que vocês saibam que meu nome é Clarice. E vocês, como se chamam? Digam baixinho o nome de vocês e meu coração vai ouvir.
[2] Quanto a mim, foi só olhar que logo me apaixonei pela cara dele. Apesar de ser italiano, tinha cara de brasileiro e cara de quem se chama Dilermando. Paguei um dinheiro para a dona dele e levei Dilermando para casa. Logo dei comida a ele. Ele parecia tão feliz por eu ser dona dele que passou o dia inteiro olhando para mim e abanando o rabo. Vai ver que a outra dona dele batia nele, de modo que Dilermando estava feliz em mudar de dona.