A Vida do Livreiro A. J. Fikry
Autor: Gabrielle Zevin
Editora: Paralela
Ano: 2014
Edição: 1
Páginas: 192
Tradução: Flávia Yacubian
Original: The Storied Life of A. J. Fikry
Confesso que escolhi o livro pela capa, sem muitas expectativas. Como o título sugere, o livro conta a história de A. J. Fikry, viúvo, trinta e nove anos e dono da livraria Island Books em Alice Island, uma ilha de difícil acesso. Após a morte de sua esposa, ele afunda no álcool e mau humor. Com a popularização dos ebooks, as vendas de livros físicos despencam. Tudo isto corrobora para a existência de um ambiente depressivo e um livreiro ranzinza.
Fikry difere totalmente dos donos de espírito de negócios das mega livrarias atuais. Abandonou seu doutorado para abrir a livraria. É do tipo que lê todos os lançamentos e oferece em suas prateleiras somente os livros que gosta. Conhece seus clientes e seus gostos literários. Eu gostaria de ter um amigo assim.
A mudança de comportamento de Firkry começa com a chegada de Maya, uma bebê que é abandonada na porta da livraria. Ela acende novamente a importância da rotina, de compromissos e o mais importante, a necessidade do respeito e a valorização do amor. Mas a grande guinada do protagonista ocorre quando conhece Amelia Loman, uma representante de vendas da editora Pterodactyl, que bate à porta de Fikry. Apesar de o primeiro encontro ser hostil e grosseiro, a mocinha conquista o coração cinzento do livreiro em uma divertida jornada. Cliché? Talvez, mas o amor é assim mesmo, não é?
Outros personagens são igualmente importantes, como o policial Lambiase, um dos responsáveis pela criação dos clubes de leitura da Island Books. É muito gratificante ver a evolução literária do policial, que não lia nada e passou a administrar o clube de leitura. Outra personagem importante é a Ismay, ex-cunhada do livreiro.
O desfecho do livro nos mostra que nunca é tarde para mudar, para cuidar de quem amamos. A autora nos diz que podemos fazer valer à pena.
O livro é cheio de referências literárias. Cada capítulo apresenta uma breve indicação de um livro de A. J. para sua Maya. Concordo com o que está escrito na capa: “Nenhum homem é uma ilha; cada livro é um mundo.” E você?
Destaques:
[1] A mulher assente. “Ele deve ser um grande fã do livro para trazer o Leon Friedman aqui depois de todos esses anos.”
“Sim”. Amelia sussurra: “A verdade é que foi por minha causa. Foi o primeiro livro que amamos juntos.”
“Que bonitinho. É como o primeiro restaurante ou a primeira música que dançam juntos ou algo assim.”
“Exatamente.”
“Talvez ele esteja planejando pedir você em casamento.”
“Pensei nisso.”
[2] Maya balança a cabeça. Não quer ferir os sentimentos de Amelia, mas isso é óbvio demais. “Conheço tanto dela quanto do meu pai biológico.”
“Você viveu com ela por dois anos. Sabe seu nome e um pouco da história da vida dela. Pode ser um ponto de partida.”
“Sei tudo que quero saber sobre ela. Ela teve sua oportunidade. Estragou tudo. “
“Isso não é verdade”, diz Amelia.
“Ela desistiu, não?”
“Ela provavelmente tinha seus motivos. Provavelmente fez o seu melhor.” A mãe da Amelia tinha morrido havia dois anos, e embora o relacionamento entre elas tivesse tido seus momentos difíceis, sentia saudade com uma ferocidade inesperada. Por exemplo, até sua morte, a mãe lhe enviava calcinhas novas por correio todos os meses. Amelia nunca precisou comprar roupas de baixo. Recentemente, deparou-se na seção de lingeries, fuçando na gôndola de calcinhas, e começou a chorar: Ninguém nunca mais vai me amar tanto.
Adorei sua observação me deu vontade de ler esse livro depois desse post!
☺️🍀🙏