Quem é Você, Alasca?
Autor: John Green
Editora: WMF Martins Fontes
Ano: 2012
Edição: 2ª
Páginas: 229
Original: Looking For Alaska
Este foi o segundo livro que li escrito pelo John Green, em 2012. Não é tão apaixonante como A Culpa é das Estrelas, mas tem lá seu charme.
Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras (sim, ele decora o que as principais figuras da história mundial – como Simón Bolivar – disseram em seu leito de morte). A história tem início quando Miles começa o ano letivo em Culver Creek, sua nova escola interna no Alabama e decide procurar seu “Grande Talvez”. Ele acaba conhecendo Alasca Young, uma jovem bonita, sexy, impulsiva, e como grande parte dos adolescentes, autodestrutiva. Alasca é totalmente o oposto de Miles, e é por isso que penso que adolescentes são figuras fascinantes: não se preocupam se o outro combina com você ou não. Simplesmente sentem. Uma pena que só fui entender isso depois de balzaquiana.
A narrativa do livro é atípica. Narrado em primeira pessoa por Miles, John Green apresenta a primeira parte como “ANTES”, e a contagem regressiva dos dias que nomeavam os capítulos me causou, confesso, uma certa ansiedade (ou talvez “curiosidade” seja o termo mais apropriado neste caso) mórbida de saber qual era o grande acontecimento que estava prestes a ocorrer. A segunda parte é chamada de “DEPOIS”, e os dias começam a correr em ordem crescente, dando início ao surgimento das questões reflexivas. Acho que esta foi uma das grandes sacadas do livro, pois geralmente o clímax é apresentado de forma ululante no final do livro.
Gostei do livro, mas admito que Alasca não me cativou tanto quanto Hazel. Para mim, A Culpa é das Estrelas ainda é o magnum opus de John Green.
Uma reflexão que Quem é você Alasca deixou em mim: quando criança perdi noites em claro, matutando sobre o que poderia ser meu Grande Talvez. Hoje, algumas décadas depois, penso que meu Grande Talvez esteja por vir. Quem sabe tenha começado com o retorno de Saturno? Como alguns estudiosos afirmam, parafraseio aqui as últimas palavras de Simón Bolívar, em relação a vários aspectos da minha vida atualmente: “Como sairei deste labirinto?”.
Destaques:
[1] “Quando amanheceu, chegaram as visitas. Uma hora depois de o Coronel ter saído, nosso colega maconheiro Hank Walsten, veio me oferecer um baseado. Recusei educadamente. Ele me abraçou e disse: ““Pelo menos foi instantâneo. Não houve dor.””
[2] “Eu sabia que era sua maneira de ajudar, mas ele simplesmente não entendia. Havia dor, sim. Uma dorzinha interminável em meu estômago que não passava nem mesmo quando eu me ajoelhava nos azulejos frios do banheiro, vomitando em seco.”
[3] “Além do mais, como a morte podia ser “instantânea”? Quanto tempo é um instante? Um segundo? Dez? A dor que ela sentiu nesses poucos segundos deve ter sido horrível. Seu coração foi esmagado, o pulmão parou de funcionar, e não havia nem ar nem sangue em sua cabeça, apenas desespero. Mas que diabos significa “instantâneo”? Nada é instantâneo. Arroz instantâneo leva cinco minutos, pudim instantâneo uma hora. Duvido que um instante de dor intensa pareça instantâneo.””
[4] “Somos capazes de sobreviver a essas coisas horríveis, pois somos tão indestrutíveis quanto pensamos ser.”