A Garota da Casa Grande
Autor: Amanda Marchi
Editora: Novo Século
Ano: 2013
Edição: 1
Páginas: 111
Um dia recebi uma mensagem no Skoob (uma rede social para quem gosta de livros) da Amanda Marchi, uma jovem de 18 anos que se apresentou como a autora do livro chamado “A Garota da Casa Grande”, fazendo parte do selo “Novos Talentos de literatura brasileira”. A abordagem ocorreu em analogia à existência do meu histórico de leituras de outros livros de temática LGBT.
Achei legal a ideia. Procuro sempre incentivar o hábito da leitura e também o hábito da escrita. Troquei algumas mensagens no Skoob com ela e em poucos dias o livro chegou a minha casa. A oferta me rendeu ainda uma dedicatória da Amanda e um marcador de livros.
Basicamente, a história é narrada por Georgia, uma adolescente da cidade que vai passar as férias na casa de sua avó, no interior. Lá, conhece Alice, uma menina por quem se interessa. Por ironia do destino, ou não, já que a cidade é pequena, ambas se deparam em uma festa, onde Alice se encontrava frágil, em conflito notório acerca de sua sexualidade. Estes são dois temas importantes do livro: a consciência de que você é gay, e a importância do momento que você descobre que isso não é uma coisa do outro mundo, afinal o amor é um sentimento universal que apenas cimenta a máxima de que você não está sozinho nessa luta. Independente de você ser heterossexual, homossexual, bissexual, o amor afeta a todos.
Apesar de ter gostado do tema da descoberta da sexualidade, achei desnecessário o envolvimento com drogas, de ambas as personagens. Para fechar a história, há um suspense que confere um ritmo diferente à narrativa. Não gostei muito do término do livro, mas entendo que muitas vezes é o que acontece.
No geral, considero uma boa estreia da Amanda Marchi.
Um detalhe engraçado do livro é a parte que Georgia fala sobre garotas arianas (que é o caso dessa pessoa que vos escreve): “Tinha de parar com essa mania de me envolver com pessoas extremamente complicadas… e arianas. Se bem que isso é praticamente um pleonasmo, mas não vem muito ao caso no momento.” – sei lá, não sei se concordo, hehe.
Ficou curioso pra ver meu perfil no Skoob? Me acha lá: http://goo.gl/lG723E
Destaque:
[1] “Sentei no colchão, e logo me deixei deitar, de tão bom que ele era, meus pés balançando, sem tocar no chão. Fechei os olhos e ouvi o chuveiro ser ligado. Algo revirou em meu estômago, deveria ser a reação àquele olhar, quase o mesmo que eu já vira tantas vezes no espelho há um tempo. Mas até agora não sabia como era vê-lo no rosto de outra pessoa. Não sei dizer se é pior, ou melhor, mas certamente não é bom, muito menos agradável.
É uma sensação de pena misturada à dor que os olhos podem tão bem expressar, ainda mais se você já a sentiu. A dúvida, a insegurança e, principalmente, o medo. Se todos os seres humanos passassem por essa experiência não existiria nenhum tipo de preconceito no mundo, porque ela, de algum modo, consegue abrir seu coração para coisas que antes não percebia. É tão libertador, ela é capaz de sensibilizar o diamante mais bruto diante dos fatos da vida. Quando esta sensação é como se um peso fosse tirado de seu peito e você respirasse pela primeira vez. Infelizmente muitas pessoas nos discriminam por fazermos isso. Elas, quase literalmente, nos discriminam por respirar.”